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Por que odiamos tanto aulas online?

“O cérebro adolescente não era oco ou desprovido de inteligência como algumas pessoas gostavam de argumentar, em uma tentativa de desmerecer os jovens. Não, na verdade, eles eram bem mais potentes do que muitos cérebros de adulto. São frescos, não afetados por anos de drogas, vícios ou estresses múltiplos e sincronizados como um flash mob com o intuito da destruição. Eles podiam reter mais informação, apresentar direções de novos e surpreendentes pensamentos, e se fossem bem tratados podiam alcançar voos maiores do que nem sequer imaginavam alcançar. O cérebro adolescente podia ser comparado a um diamante. Uma das pedras mais preciosas, com um poder de corte único, e valiosíssima, mas para que fosse encontrado precisava ser bem lapidado, e essa lapidação não poderia ser de qualquer forma. Ainda que não sejam frágeis, os diamantes podem se quebrar. O cérebro jovem era daquele jeito. Precisava ser estimulado, bem cultivado e lapidado para que se tornassem uma joia preciosa e assim alcançasse todo seu brilho e glória. Mas se não fosse bem cuidado podia criar rachaduras, ou simplesmente ser um carbono sem brilho. Uma aula deveria chamar a atenção daquele diamante para que o deixasse ser lapidado. Uma aula não deveria forçar uma lapidação, deveria encantar para que o diamante se auto lapide. O que aconteceria era que as aulas não eram interessantes, não chamavam atenção, não distraíam os jovens de seus problemas ou de outros links de informações para que apresentassem às ferramentas de lapidação, de crescimento. Um Jovem acordando às seis da manhã não estava interessado em funções algébricas, se isso não soasse minimamente interessante ou útil naquele momento para eles naquele momento. Haviam coisas mais importantes passando pela cabeça deles para prestar atenção na explicação metódica, sem cor e que a professora ditava na lousa”.

(Citação livro: Relicarium - Matheus Monteiro)


Segundo Einstein:

“Loucura é fazer as mesmas coisas e esperar resultados diferentes”.

Apesar de ter começado com uma citação no estilo de uma redação para o Enem, garanto a você que não é nada disso.

Até ontem, se você teletransportasse um professor do século XIX (19) para a uma sala de aula de hoje, ele tranquilamente saberia o que fazer. Em paralelo a isso, se você fizer o mesmo com uma cirurgiã, uma física, um piloto de avião ou um operador da bolsa de valores esse cenário seria completamente diferente.

Enquanto todos esses profissionais iriam encontrar seus afazeres completamente diferentes do comum, com diversas técnicas novas e tecnologias, os professores iriam encontrar, até "ontem", os mesmos alunos enfileirados, uma lousa para escrever e iriam começar a explicar.

Você poderia argumentar:


— “Hoje temos slides!”


Okay, você está certo, agora o professor pode ir para frente do quadro e, ao invés de escrever, apenas ler e comentar.

O ponto aqui é, até ontem nosso ensino continuava muito semelhante àquele de 200 anos atrás, os alunos saiam de suas casas, iam para a escola, sentavam e passavam algumas horas escutando uma pessoa falar.

Caso você tenha observado, todas às vezes em que falei sobre essa ação no presente, querendo ou não falei dela no passado. Basicamente nossos velhos hábitos (que já eram muito velhos), atualmente se tornaram impossíveis de serem praticados. Estamos passando por uma fase, onde, querendo ou não somos obrigados a estar em quarentena.

A maior parte das escolas, frente a esse ponto, decidiu:

— Vamos ter aulas online.


A primeira coisa que poderíamos falar dessa ideia seria a questão de que nem todas as pessoas no Brasil têm acesso à internet banda larga e a um espaço reservado em suas casas para conseguirem estudar, porém, me atrevo a dizer que isso é quase irrelevante para a atual situação que irei apresentar a vocês. (observação: sei que isso é algo que precisa ser discutido e falado já que é ridículo um país como o Brasil não conseguir fornecer para todos os habitantes, condições de ter internet).

Desde que as escolas decidiram ter aula “online”, tomaram uma decisão louca, segundo o próprio Einstein. Decidiram apenas migrar, fazer a mesma coisa que faziam dentro de sala de aula, porém com algumas pequenas adaptações burras.

Quais são elas?


Hum! Geraldinho, os alunos precisam ter aula. Certo?

— Sim, senhor.

— Tive uma ideia genial!

— Qual senhor?

— Que tal colocarmos os alunos para acordarem 7:00 da manhã, como fazíamos todos os dias, pegamos os professores, fazemos o mesmo com eles e os mandamos entrarem ao vivo com os alunos e a partir disso explicarem a matéria?

— Faz sentido, senhor. E como vamos fazer com os deveres?

— Bom ponto. Hum! Que tal usarmos um, tal de Google Classroom e falar para os professores fazerem o triplo de dever, já que os alunos estão com mais tempo?

— Perfeito, senhor!!!


É isso que vejo quando escuto alunos de todo o Brasil falando sobre suas aulas online.

Agora te pergunto uma coisa, existiu alguma mudança aí? Ou foi só um corretivo como sempre estamos acostumados em nosso país?

Muitos pais e professores têm reclamado que os alunos não prestam a mesma atenção em suas respectivas aulas online, mas novamente levanto o questionamento: O que te faz pensar que quando eles iam para sua aula presencial, eles realmente prestavam atenção?

Ao observar, então, essa forma de ensino é perceptível que é algo expressivamente burro. Mais uma prova disso é quem regula esse sistema e coisas importantes relacionadas. Sim estou falando do MEC. Além da maneira de ensino que ele “impôs” às instituições, ele também é detentor do Enem (que também é uma proposta ultrapassada já que deriva de nosso sistema de ensino), prova importantíssima para todos os alunos de ensino médio e, querendo ou não, essa instituição governamental obedece à vontade de alguém que não representa o povo.

Digo que os alunos não odeiam o EAD, até porque eles não estão realmente estudando pela metodologia EAD, apenas estão tendo que fazer coisas inúteis e completamente desconexas com o mundo real.

Em minha visão, os alunos odeiam o sistema atual de educação, um sistema que não visa a treinar as pessoas realmente para a vida, mas sim para o vestibular. E o que mais esperar de um negócio que só tem sucesso se colocar um cartaz na frente da escola com a cara dos alunos que passaram para medicina? Ou direito? Ou engenharia?


Escritor: Lucas Garcia

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Originalmente publicado: lucasgarciajornada.com

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