Recentemente, conversando com uma amiga, chegamos no assunto “objetivos para os próximos 10 anos”. Ela disse que adora esse tipo de coisa e me pediu para falar alguns dos meus:
Ter 12 livros publicados;
Morar durante 1 ano no Japão;
Conhecer 15 países;
E assim, minha lista continua no Notion.
Porém, depois que revi todos esses objetivos e experienciar/estudei outras coisas ao longo da semana, algo fundamental foi relembrando em minha mente sobre a arte de alcançar objetivos.
Algo que meu escritor favorito colocou, como:
Muitas vezes, as pessoas não te dão prazos. Você pode passar dos 20 aos 30 sem nunca produzir as coisas que você sonhou porque ninguém está pressionando a fazer isso — algo como “é melhor você fazer isso até os 35, caso contrário, vamos expulsá-lo de casa” — não há consequências para a sua procrastinação. Porém, você precisa criar essas consequências. Você precisa viver no "Death ground" (terreno da morte). ~ Robert Greene
A ideia de Death Ground de Robert Greene
Para Greene, o conceito de "Death ground" (terreno da morte) é uma ideia apresentada no seu livro "As 33 estratégias de guerra".
Ele se refere a uma situação em que uma pessoa ou um grupo se encontra em uma posição extremamente perigosa, sem qualquer rota de fuga ou alternativas.
Estar no "Death ground" significa que você está enfrentando uma batalha na qual a única opção é vencer ou morrer. É um cenário de extrema pressão e risco, no qual você não tem escolha a não ser lutar com tudo o que tem.
E por que algo assim é útil?
De acordo com Greene, estar no "Death ground" pode ser uma oportunidade para mobilizar recursos internos, eliminar distrações e focar completamente em alcançar a vitória.
É um momento em que a coragem, criatividade e a determinação são essenciais para superar a situação difícil.
Apesar de ser uma metáfora para ilustrar estratégias de guerra, também pode ser aplicado em outros aspectos da vida, como:
Desafios profissionais ou pessoais
Algo que, muitas vezes, nos colocam em uma situações de risco extremo, nos obrigando a encontrar uma solução para sobreviver ou triunfar.
Em resumo, Death Ground significa que você está contra a parede, o inimigo está vindo atrás de você e suas únicas opções são se defender ou morrer.
Como deadlines se aplicam nisso tudo?
Deadlines nada mais são do que prazos para o cumprimento de uma tarefa ou objetivo. No inglês, essa palavra é um pouco mais complexa do que sua tradução para o português, mas podemos encarar como:
Prazo final para alcançar algo.
Memento Mori: uma ilusão para a maioria das pessoas.
A única certeza que temos no momento em que nascemos é a de que vamos morrer.
Gosto bastante da filosofia estoica.
Existem muitas ideias e conceitos estoicos fundamentais para lidar com as mais diversas adversidades da vida. E, entre todos esses conceitos, existe um famoso que você provavelmente conhece:
Memento Mori ☠️
↓
Lembre-se que você vai morrer☠️Dizem que imperador Marco Aurélio, tinha um escravo que constantemente repetia “memento mori” em seu ouvido.
Tudo visando lembrar que seus dias nessa Terra eram finitos.
Ou seja, ele tinha um “deadline” para cumprir seus objetivos, sonhos e desejos.
Porém, algo que percebi é que a lembrança de que vamos morrer, é uma ideia abstrata demais para qualquer pessoa que está no começo de sua vida – ou seja, desde 0 anos até 30/40.
Simplesmente a morte não é tão palpável para nós.
Principalmente no momento da história humana em que estamos:
Pouquíssimas guerras;
Pouquíssimas pragas;
Pessoas vivendo mais;
Tecnologia;
Abundância.
Simplesmente a morte não é algo tão “comum” quanto era na época de nossos antepassados.
Junte isso ao problema fundamental humano:
Imediatismo exagerado — problemas para pensar a longo prazo.
E a ideia de memento mori se torna abstrata e, consequentemente, inútil.
Ou, vai me dizer que você realmente acorda motivado todos os dias porque recebeu o spoiller do filme chamado Vida de que, no final, você vai morrer?
As pessoas não te dão prazos
Muitas vezes, as pessoas não te dão prazos. Você pode passar dos 20 aos 30 sem nunca produzir as coisas que você sonhou porque ninguém está pressionando a fazer isso — algo como “é melhor você fazer isso até os 35, caso contrário, vamos expulsá-lo de casa” — não há consequências para a sua procrastinação.
Não há nada pressionando você nesse momento.
Nem mesmo a sua previsível morte.
Em parte, é exatamente isso que consigo tirar do que o Robert falou.
Hoje em dia, não existem coisas constantemente lembrando de nossa mortalidade, ou mesmo nos pressionando a buscar o nosso melhor.
Claro que existem casos excepcionais, mas se você está lendo esse texto, não acredito que você seja um caso excepcional, ou alguém especial.
Mas, é nesse momento que entra uma das coisas que mais acredito:
Devemos ser os protagonistas de nossas vidas.
Como "Deadlines" vão mudar sua vida?
Como te contei no início do texto, tenho objetivos para os próximos 10 anos.
Porém, mais do que isso, tenho outros deadlines:
Robert Greene nos disse que hoje em dia, ninguém mais nos dá prazos.
Não há consequências para a nossa procrastinação.
Mas, é essencial ter prazos (deadlines) para impulsionar nossa produtividade e garantir que concluamos tudo aquilo que começamos. Caso contrário, teremos uma vida inteira de arrependimentos.
E se não há ninguém para te dar esses deadlines,
Se o mundo não vai te dar esses deadlines,
A única opção que resta para você e eu é simples:
— Temos que criar nossos próprios Deadlines e situações de Death Ground.
Como eu estou utilizando essa ideia?
“É preciso trabalhar com prazos, sejam reais ou autoimpostos. Ao deparar com o menor tempo possível para terminar o trabalho, a mente atinge o nível necessário. As ideias se amontoam. Você não pode se dar ao luxo de se sentir frustrado. Todos os dias representam um desafio intenso, e todas as manhãs você acorda com ideias e associações originais, que o impulsionam para a frente.” ~ Maestria, Robert Greene
Quando eu estava falando sobre meus objetivos de 10 anos para a minha amiga — além do “incômodo” para escrever um texto sobre — uma espécie de “fogo”, pairou sobre mim.
Principalmente no quesito de “publicar 12 livros”.
Isso porque nas últimas semanas, fiquei sem revisar um dos livros que preciso publicar em 2023. A junção de preguiça, procrastinação e até desmotivação; estavam pairando sobre mim.
Mas, de alguma forma, lembrar desse objetivo… Me deu um empurrão.
Tanto é que finalmente cheguei no último capítulo da primeira revisão:
Razões para criarmos deadlines
E aqui entram algumas razões pelas quais você deveria considerar criar deadlines:
Foco e disciplina: Ter um prazo definido cria um senso de urgência e concentração. Sem prazos, as tarefas se estendem indefinidamente e a procrastinação toma conta. Os prazos ajudam a estabelecer um senso de disciplina e a direcionar os esforços de forma mais eficaz.
Eficiência: Prazos definidos promovem a eficiência, pois forçam você a priorizar e alocar recursos adequados para atingir os objetivos. Quando há um tempo limitado para concluir uma tarefa, você é mais propenso a se concentrar nas ações mais relevantes e a evitar distrações desnecessárias.
Motivação: Os prazos podem ser uma fonte de motivação, pois estabelecem um senso de desafio e senso de propósito. Eles criam uma pressão positiva que impulsiona a ação e estimula o progresso. A perspectiva de cumprir um prazo pode gerar um senso de conquista e satisfação pessoal.
Como você pode usar tudo isso ao seu favor?
Para todas as coisas que você quiser alcançar na sua vida, crie deadlines;
Tenha objetivos mensais, trimestrais, anuais, 3 anos, 10 anos, vida e até objetivos mais abstratos para “algum dia”;
Olhe diariamente para seus objetivos e seus deadlines;
Crie consequências — seja a vergonha pública, perder alguma coisa por não atingir o objetivo ou a punição que você conseguir imaginar;
E lembre-se que se você não atingir esses objetivos, você não vai morrer fisicamente, mas sim, mentalmente — o que é bem pior.
Por fim, sugiro as seguintes leituras:
Sobre Obsessão e Alívio – Aqui exploro mais sobre como calibrar a pressão e o relaxamento;
Maestria, Robert Greene — Esse é um livro fenomenal;
As 33 estratégias de guerra — Outro livro citado do Greene;